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terça-feira, 14 de janeiro de 2025

A Secret River - Mirror Universe (2024)

A Secret River é uma banda sueca de rock progressivo formada em Gotemburgo no ano de 1995 composta inicialmente pelo baterista John Bergstrand e pelo multi-instrumentista Andreas Alov. A banda passou por um longo período de gestação antes de finalmente lançar seu álbum de estreia em 2014. Essa espera prolongada que se estendeu por quase duas décadas, pode sugerir uma maturação artística minuciosa. Imaginar esses músicos experimentando e refinando suas harmonias e letras ao longo dos anos parece ser uma jornada de aperfeiçoamento em busca de uma identidade sonora única e significativa. Mas não é bem isso. 

Acontece que a formação da banda só se completou em 2012, quando a dupla lançou um EP e recebeu a adição do guitarrista Mikael Grafstrom, especializado em música folclórica, e do tecladista Bjorn Sandberg. O álbum de estreia, Colours of Solitude, chegou em 2014 oferecendo um vislumbre do seu estilo progressivo que para alguns fãs ávidos e desafiadores do gênero pode parecer faltar audácia para criar sonoridades intrincadas e progressões de acordes surpreendentes. No entanto, isso não significa que a música não seja de qualidade, apenas sugere uma abordagem mais suave e menos experimental.

O álbum traz uma nova formação com a adição da vocalista Elin Bergstrand, que imagino ser irmã de John Bergstrand e a saída do guitarrista Mikael Grafstrom. Os músicos restantes são os mesmos do disco de estreia: Björn Sandberg nos teclados e Andreas Ålöv, que, além de sua função de baixista e vocalista, contribuiu com algumas guitarras rítmicas e teclados. Os notáveis solos de guitarra são oferecidos por três músicos convidados: Johnny Lennartsson, Andreas Allenmark e Lars-Olof Johansson, embora não haja especificação nos créditos em quais faixas cada um contribuiu.

A faixa de abertura, “Celestial Fields”, é envolvente e melódica, com duetos vocais encantadores que adicionam grande charme à peça. Elementos jazzísticos são incorporados de maneira sutil, com destaque para o baixo e teclado. A sonoridade etérea da música realmente faz com que o ouvinte sinta como se estivesse flutuando por um campo celestial. “The Bridge” começa com acordes suaves de guitarra, com os vocais emergindo antes dos demais instrumentos e estabelecendo um ritmo médio. O refrão é melódico, mas a música ganha intensidade após o primeiro refrão e com uma instrumentação densa. A seção rítmica também se destaca, proporcionando uma sonoridade mais pesada e inesperada em sua conclusão.

“Moments” é introduzida por notas elegantes de piano e que são seguidas pela entrada dos outros instrumentos e um solo de guitarra que remete ao tema do piano. A faixa apresenta uma mistura de hard rock e outros momentos mais delicados e melancólicos, com boas linhas de baixo. A faixa-título, “Mirror Universe”, inicia-se com uma base confortável de piano e baixo, permitindo que a voz doce e etérea de Elin brilhe. A guitarra e a bateria entram para criar um ritmo médio, e então a música ganha mais intensidade após o primeiro refrão. A seção rítmica se destaca novamente, e o solo de órgão adiciona um toque jazzístico à faixa, que termina com o tema inicial.

“Beyond My Fears” apresenta uma predominância dos trabalhos de guitarra, oferecendo uma sonoridade tranquila e otimista, com uma melodia cativante e arranjos bem elaborados. A guitarra adiciona um solo breve e intenso, destacando-se dentro da simplicidade da peça. “The Pain You Didn't See” é completamente instrumental, começando com um piano melancólico que rapidamente evolui para um ritmo médio conduzido por uma guitarra melódica. As linhas de piano e a seção rítmica trabalham muito bem, mas a guitarra se destaca com suas nuances e texturas emocionantes, criando uma rica tapeçaria de sentimentos.

O álbum encerra-se com “Billions of Souls”, um épico de quase 16 minutos que destaca a riqueza musical e a habilidade da banda em explorar diversas emoções e atmosferas - algo que poderia ter feito durante todo o álbum. A faixa faz uma homenagem à tradição do rock progressivo sueco, lembrando o som do Flower Kings. Conforme a peça avança, todos os músicos têm a oportunidade de brilhar, contribuindo para um senso coeso de direção e propósito. Próximo dos 10 minutos, a música parece chegar a um final falso com um acorde de piano, mas rapidamente retorna com uma seção mais transcendental, onde os arranjos se tornam etéreos e expansivos. Cada nota carrega um significado profundo, evocando uma sensação de serenidade e contemplação. O final é surpreendente e poético, encerrando o disco de forma cativante. 

Mirror Universe pode não ser um álbum de rock progressivo ousado ou excessivamente complexo, mas isso não representa um problema, pois claramente não era essa a proposta da banda. Apesar de sua abordagem mais discreta, o álbum flui com leveza e elegância. Apenas espero que a banda não demore outra década para lançar seu próximo disco.

NOTA: 7/10

Gênero: Rock Progressivo

Faixas:

1. Celestial Fields - 7:50
2. The Bridge - 4:51
3. Moments - 8:49
4. Mirror Universe - 5:44
5. Beyond My Fears - 7:04
6. The Pain You Didn't See - 4:54
7. Billions of Souls - 15:45

Onde Ouvir: Plataformas de Streaming e Youtube

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