MJ Lenderman é um artista que tem conquistado um espaço cada vez mais relevante na cena musical indie e country dos Estados Unidos. Sua música combina melancolia profunda e introspectiva com crueza emocional e que garante um resultado musical cheio de frescor. Além disso, tem a capacidade de transitar com bastante destreza entre momentos de delicadeza e intensidade, criando assim, músicas com a capacidade de abraçar ouvinte. Vale destacar também, que o músico não possui apenas a sua ainda recente trajetória solo, o jovem ainda integra a banda Wednesday, nome bastante promissor dentro do cenário independente americano.
Lenderman é um artista que tem uma enorme capacidade de construir uma sonoridade orgânica e que transita livremente entre estilos ao mesmo tempo em que desenha paisagens musicais inspiradas por uma ampla diversidade de influências. Seu indie rock e country alternativo, que figuram como os pilares centrais de sua música, revelam uma influência de grandes nomes como Neil Young e até mesmo a delicadeza intimista e despojada de Elliott Smith.
Manning Fireworks é o seu quarto álbum solo, um disco que consolida sua capacidade de envolver emocionalmente o ouvinte. Destacando-se não apenas pela musicalidade cativante, mas também pelas letras bem construídas, o disco carrega bastante sensibilidade em cada uma de suas faixas que são todas tocada com precisão, o que reafirma a maturidade artística de Lenderman.
O disco começa por meio da faixa título, uma composição introspectiva e melancólica. O violão assume o protagonismo enquanto o violino surge como um contraponto sutil e acrescenta camadas de beleza e melodia à peça. Uma música de atmosfera íntima e contemplativa. “Joker Lips é uma faixa que abraça as raízes do country ao mesmo tempo em que flerta com a energia do rock sulista dos anos 70. É uma peça dinâmica e de riffs marcantes, além de arranjos nostálgicos. A letra espirituosa adiciona um charme peculiar e mostra um humor ácido de MJ Lenderman, porém, sem perder a profundidade característica do seu som.
“Rudolph”, de musicalidade leve, quase etérea, mas trazendo temas como desilusão e desejo não correspondido, Lenderman cria um ambiente interessante e de contrastes envolventes entre a musicalidade e a narrativa. “Wristwatch” transmite uma vibe rock suave que é recheada de guitarras cativantes e um ritmo edificante. Com sua energia descontraída e harmônica a faixa parece feita para ser compartilhada em momentos de confraternização.
“She's Leaving You”, de uma forma honesta, emocional e por meio de uma melodia simples e tocante, aborda o fim de um relacionamento. De uma maneira simples e tocante tem a capacidade de envolver o ouvinte de forma direta. “Rip Torn”, inspirada no ator de mesmo nome, aqui, Lenderman descreve uma pessoa autodestrutiva e caótica, usando o nome do ator por conta de o mesmo vivenciar personagens desse temperamento. De instrumentação leve e contida, possui uma atmosfera melancólica e reflexiva.
“You Don't Know the Shape I'm In” apresenta uma cadência que funde o rock e o folk de maneira simples, mas cativante. A melodia flui com uma leveza que contrasta com a intensidade emocional da letra, onde Lenderman expressa com sinceridade a dor de não conseguir manter uma comunicação sólida com aqueles ao seu redor. “On My Knees”, aqui o músico joga para fora toda a sua influência em Neil Young em uma peça que emana uma vibe de rock de garagem, enquanto fala sobre uma luta interna com os desafios emocionais da vida.
“Barka at the Moon”, a princípio parece que vai encerrar o disco com uma energia vibrante e animada. Embora a faixa dure 10 minutos, cerca de quatro desses minutos são dedicados à música propriamente dita. O restante da canção mergulha em microfonias, cacofonias e sons atmosféricos. Esse final experimental adiciona uma camada psicodélica ao disco, como se a música se desintegrasse em sua própria essência e completasse a sua jornada de maneira inesperada e instigante.
Considero Manning Fireworks como uma trilha sonora perfeita para um luau entre amigos, afinal, é um disco descontraído, acolhedor e cheio de momentos para reflexão. O álbum é uma nuance de pensamentos acerca da vida cotidiana e que é apresentado com um equilíbrio cativante entre introspecção e leveza. As letras são muitas vezes espirituosas e exploram temas profundos com um tom descomplicado, enquanto a musicalidade envolvente e despretensiosa cria uma atmosfera que convida o ouvinte a relaxar e se conectar tanto com as melodias quanto com as histórias narradas.
NOTA: 8.9/10
Gênero: Country Alternativo, Indie Rock
Faixas:
2. Joker Lips - 3:01 vídeo
3. Rudolph - 3:31
4. Wristwatch - 3:42
5. She's Leaving You - 4:38
6. Rip Torn - 3:32
7. You Don't Know The Shape I'm In - 3:36
8. On My Knees - 3:52
9. Bark At The Moon - 10:00
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